Usina de São José dos Campos está parada desde 19
de setembro.
Petrobras confirma importação; Sindigás espera solução em dois dias.
Com baixa em seu estoque de
botijões de gás de cozinha, o gás liquefeito de petróleo (GLP), o empresário
Roberto Soares, de Cravinhos (SP),
criou uma lista de espera de clientes para tentar garantir as vendas nos
próximos dias. Há uma semana sem receber carga completa do produto no terminal
de abastecimento de Ribeirão Preto (SP), ele é um dos revendedores da região
que alegam prejuízos resultantes de uma pausa para manutenção em uma refinaria
de São José dos Campos (SP), uma das principais fornecedoras de gás de cozinha
do país.
Em nota, a Petrobras informa
que a redução dos estoques se deve a questões climáticas e garante que o
problema será resolvido em todo o país. O Sindicato Nacional das Empresas
Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindlgás) espera que, em dois
dias, as dificuldades logísticas sejam solucionadas.
(Correção: ao ser publicada,
esta reportagem errou ao informar que a Petrobras havia comunicado que dois
navios com GLP importado garantiriam a distribuição no Estado. Na verdade, não
há confirmação de navios trazendo GLP para o país. A reportagem foi corrigida
às 21h35.)
“Para o pessoal que está
ligando pedindo gás montei uma lista de espera numerada. Assim que chegar, o
primeiro que pediu já tem gás reservado. Não tem previsão para chegar, o que me
passaram é que está sem previsão”, afirmou Soares. Embora não saiba quanto de
prejuízo já teve devido à queda de estoque, ele diz perceber o problema pelo comportamento
dos próprios clientes. “Com certeza é prejuízo. Muita gente deixou de comprar.
Como estou sem gás, eles procuram outros revendedores que ainda têm estoque.
Estou deixando de ganhar, espero que acabe logo”, lamenta.
Dos sete caminhões enviados diariamente
para reabastecimento, em média um tem voltado cheio para a revendedora
gerenciada por Fábio Garcia em Ribeirão Preto,
responsável pela distribuição em 50 cidades da região. A alternativa tem sido
priorizar a venda para quem mais necessita, segundo ele. “Os caminhões ficam lá
[centro de distribuição local] aguardando para ver se vão carregar ou não. A
situação não está fácil. O que eles estão liberando de GLP não está suprindo
nossas necessidades. Estamos dando prioridade a hospitais, restaurantes”,
afirmou.
O gerente também informou que
suspendeu promoções aos clientes até que os estoques se normalizem. “As
promoções acabam sendo cortadas, o gás volta ao preço original de mercado. A
dona de casa vai sentir um pouco no bolso, porque não vai ter opção de preços
baixos”, disse.
Petrobras
A Petrobras enviou nota informando que a redução dos estoques se deve a questões climáticas e confirmou que o problema de abastecimento será normalizado em todo o país. "O inverno é o período do ano com o maior consumo de GLP no país devido à redução da temperatura. Este ano, as temperaturas médias foram menores que os níveis históricos, ocasionando a redução de estoques de GLP em algumas localidades. A Petrobras informa que o suprimento de GLP está normalizado em todo o país", comunicou.
Sindigás
O Sindigás confirmou que para contornar falhas de fornecimento do GLP distribuidores estão remanejando o gás de algumas regiões do país “para essas áreas com maior dificuldade de abastecimento.” O sindicato informou ainda que espera ver o problema solucionado em dois dias.
Manutenção em refinaria
A Associação Brasileira de Revendedores de GLP (Asmirg-BR) informou que o abastecimento do produto está prejudicado em regiões de pelo menos cinco estados, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Pernambuco. Segundo a entidade e o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigas), uma das causas do problema é a parada de manutenção da Refinaria Henrique Lage (Revap), que fica em São José dos Campos, e é uma das principais fornecedoras de gás de cozinha do país.
A unidade da Petrobras parou
em 19 de setembro para manutenção de equipamentos e processos tecnológicos e
deve retomar a atividade em 19 de outubro, conforme previsão da Revap. De
acordo com a Asmirg, o problema tem reduzido 50%, em média, o fornecimento de
gás de cozinha para as distribuidoras.
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Problema logístico
gerou baixa de estoque de gás de cozinha em Ribeirão Preto (Foto: Chico
Escolano/EPTV)