Rio de Janeiro. Após
a conclusão da venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), a Petrobras deve
negociar, no segundo semestre deste ano, a subsidiária Transportadora Associada
de Gás (TAG), que reúne a infraestrutura de gasodutos nas regiões Norte e
Nordeste do país. A previsão é repetir o modelo de venda adotado na NTS. A
empresa vai se desfazer de 81% da rede de gasodutos.
A Petrobras chegou
a avaliar vender NTS e TAG juntas. Pesou na divisão da rede de dutos em duas
empresas a avaliação de que o comprador poderia se transformar em um
monopolista privado da rede de dutos do país. “Juntas, as duas empresas são
muito grandes. Além do que, a necessidade de investimentos nas distintas
regiões é diferente. A gente tem visto uma estratégia da Petrobras de maximizar
o valor na venda desses dois ativos”, afirmou uma fonte próxima à negociação.
Mas, apesar de
oferecer as duas empresas separadamente, não há restrição, por parte da
petroleira, em fechar com um mesmo comprador para a NTS e a TAG. O plano de
negócios da Petrobras para o período de 2016 a 2020 está sendo elaborado já
levando em conta as previsões de que a empresa vai perder espaço no mercado de
gás natural e de energia elétrica.
Hoje, a Petrobras
produz o gás, é dona da rede de transporte do produto, participa da maioria das
distribuidoras estaduais de gás e também de usinas térmicas, que utilizam o gás
como combustível. A idéia é concluir o plano de negócios antes de decidir o
comprador das duas empresas transportadoras.
Mudanças. A
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) vê com bons
olhos a mudança. Desde 2013, a resolução 51 proíbe a mesma empresa de ser dona
e usuária de um gasoduto, simultaneamente. A medida visa a limitar a atuação da
Petrobras no setor e abrir o mercado a operadoras privadas. Mas, mesmo depois
de aprovada a resolução, nada mudou.
A Petrobras
continuou ocupando as duas posições e controlando o mercado de gás, porque
nenhuma outra empresa se habilitou a concorrer com ela.
Esse setor é o
principal foco do programa de desinvestimentos da estatal, de US$ 14,4 bilhões
somente neste ano. Além das subsidiárias de infraestrutura, a companhia negocia
a venda de terminais de regaseificação e usinas termoelétricas movidas a gás –
processo tocado pelo Bradesco. Há também negociações “emperradas” para a venda
da Liquigás, subsidiária de distribuição de GLP, gás de botijão, tocada pelo
Itaú Unibanco.
O ex-diretor da
ANP e professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, Helder Queiroz,
identifica dois grupos de possíveis compradores dos gasodutos da Petrobras:
investidores em infraestrutura e proprietários de usinas térmicas, que utilizam
o gás como combustível.
Para os dois
grupos, afirma ele, a compra de uma rede existente é mais vantajosa do que a
instalação de uma nova, porque assim os investidores evitam todo o processo de
licenciamento e o risco inerente a qualquer projeto. “Para o consumidor, quanto
mais agentes econômicos, melhor, porque os preços tendem a ser mais
competitivos”, disse Queiroz.
Regulamento
Acesso. A
ANP criou uma nova regulamentação para permitir o acesso de empresas à rede de
transporte de gás natural, em sua maioria, de propriedade da Petrobras. A
resolução foi publicada na sexta-feira.
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