Especialistas em educação para o trânsito afirmam que se houver respeito entre os condutores de veículos ao trafegar em via pública, a possibilidade de se ter um trânsito harmônico é bem maior. Mas como abrir a cabeça de jovens condutores, principalmente motociclistas, que tem o espírito aventureiro, e que pela pouca idade, pensam que podem fazer tudo o que quiserem e a qualquer hora?
Imprudência, negligência e imperícia são os fatores que mais contribuem para a ocorrência de acidentes entre motociclistas. De acordo com a Transalvador, em 2010, 5.661 jovens sofreram acidentes, 4.412 não-fatais e 92 fatais. Conforme o órgão, a frota de motocicletas que circulam na capital baiana gira em torno de 81.663 (pode ser que circule um número ainda maior).
O problema se agrava ainda mais em bairros populares, onde há uma prática muito comum de motociclistas transportando botijões de gás em cangalhas, suporte proibido para carregar produtos químicos. Nesse caso, o condutor para trafegar com produtos específicos tem por obrigação fazer um curso de Movimentação e Operação de Produtos Especiais (MOPE). Esse é um pequeno detalhe desconhecido pelos funcionários de empresas distribuidoras de gás de cozinha, que sobem e descem ruas movimentadas nos bairros de Salvador sem o mínimo de cuidado.
Há relatos de moradores que já foram atropelados pelos motociclistas e que por pouco não sofreram graves fraturas. “Eles passam aqui na rua parecendo uns loucos, sem o mínimo de educação. São irresponsáveis, pois a rua onde moro tem muitas crianças e idosos e eles nem se preocupam em ao menos reduzir a velocidade”, disse um morador do bairro da Fazenda Grande do Retiro.
Os relatos são bem semelhantes entre moradores de bairros como São Caetano, Lauro de Freitas e Vila Laura. “Me lembro que certa feita um dos botijões caiu e saiu rolando pela ladeira. A sorte foi que o motoqueiro conseguiu pegar antes que acontecesse um acidente”, contou a estudante Fernanda Rios, moradora da Vila Laura.
Conforme o diretor de trânsito da Transalvador, Renato Araújo os botijões devem ser transportados em reboques e o curso é algo imprescindível, pois no caso de acidente, o condutor deve estar apto a isolar a área evitando assim que o produto químico transportado cause algum dano aos transeuntes.
“O veículo utilizado para transportar o gás de cozinha sofre alteração, e por isso, deve passar pela vistoria do Detran e nós da Transalvador fiscalizamos. Acontece que a demanda é muito grande e precisamos, para desenvolver essa tarefa com mais rigor, do apoio do Detran e da PM. Já contatamos os dois órgãos a fim de fazermos uma parceria.
Aguardamos a resposta e acrescento ainda que a notificação além de ser ao condutor do veículo deve ser também aos donos de empresas que distribuem os botijões, porque só assim terão mais responsabilidade e ficarão atentos para orientar os funcionários do cuidado que devem ter ao trafegar nas ruas.
Na opinião do diretor, é crescente o número de vidas jovens entre 18 e 25 anos que são ceifadas em vias públicas por conta de comportamentos, em sua maioria, irresponsáveis praticados no trânsito. O sentimento de liberdade, a falsa idéia de que pode fazer tudo e a qualquer hora, também contribuem para o aumento do número de acidentes.
Campanhas educativas do Detran
Campanhas diversas do Detran são realizadas em todo o estado no intuito de mostrar ao motociclista que o trânsito não é composto apenas de veículos, mas também de condutores e pedestres que merecem respeito. Quando o órgão toma conhecimento que o condutor se envolveu num acidente o convoca a participar de palestras, caso não compareça, ele responde processo administrativo sob pena de ter seu direito de dirigir suspenso.
Em relação às empresas que distribuem gás de cozinha, de acordo com o capitão Genésio Luide, instrutor da Escola Pública de Trânsito, é necessário que elas invistam na capacitação do funcionário. Sugiro que a população deixe de comprar gás de cozinha nas distribuidoras que entregam o gás em cangalhas, isso é um grande risco. Garanto se as pessoas agirem dessa forma com certeza teremos uma resposta, eles terão de se adequar.
“A maioria dos motociclistas são imprudentes trafegam nas ruas entre os carros o que é errado, ele deve circular dentro da faixa, caso contrário, está pondo em risco a própria vida e a do condutor do outro veículo. “Há uma cultura equivocada de trafegar no meio da pista e é uma imprudência, assim como trafegar sobre o passeio, local destinado exclusivamente ao pedestre. As infrações cometidas por motociclistas podem chegar a uma cobrança de multa de R$ 957,70 com agravos e se ele atropelar esse agravo é multiplicado por três vezes”.
Não adianta relatar para os jovens motociclistas dos riscos que correm ao pilotar de maneira irresponsável por via pública. Além de fazerem manobras arriscadas e proibidas, andam sem capacete, dão contramão, andam por cima da calçada ocupando espaço do pedestre. Especialistas atestam que os motociclistas não têm maturidade suficiente para ter um equipamento desses nas mãos.
“Sei que é arriscado, mas não consigo fazer diferente. Sinto muita liberdade quando estou em cima de uma moto, nem percebo que estou correndo muito. Já cai algumas vezes, mas não me vejo dirigindo um carro".
Com depoimento semelhante e um final mais trágico, Andriano Alves no auge dos seus 20 anos, já quebrou algumas costelas e ficou em coma por conta de uma pancada muito forte na cabeça. Embora não tivesse em alta velocidade, uma manobra um pouco mais ousada foi o suficiente para um ônibus derrubá-lo na pista. “Estava retornando do trabalho, foi o pior dia da minha vida”, disse.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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