domingo, 5 de junho de 2011

Da Índia para o Brasil


Edson Marinho explica a representantes da sociedade em Marliéria o funcionamento do
Projeto Redes

O município de Marliéria já recebe ações do projeto Redes, resultado de um trabalho da organização Visão Mundial, apoiado pelo Sebrae, e Agência Nacional de Desenvolvimento Micro Empresarial (Ande), entre outras instituições. A proposta é de se estabelecer uma metodologia inovadora de combate à pobreza. Para fazer o trabalho nas comunidades onde atua, a Visão Mundial seleciona uma entidade para adequar as propostas à realidade local. Trata-se de um trabalho inspirado na metodologia Gol.d (Grupos de Oportunidades Locais para o Desenvolvimento) que teve origem na Índia com o nome de Hand in Hand (self help group). A metodologia foi trazida para o Brasil e adaptada pela Visão Mundial, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com o nome de Redes.

No Brasil, o Rio Grande do Norte e o Ceará receberam os primeiros projetos experimentais Gol.d. Agora, o Redes tem atuação em seis Estados, incluindo Minas Gerais. A proposta é alcançar 50 mil beneficiários diretos das suas ações no Brasil.

O coordenador do projeto Redes, Edson Marinho, esteve recentemente em Marliéria. Ele relatou que a Visão Mundial foi procurada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que desenvolvem em Marliéria e mais três cidades brasileiras o projeto Capacidades, que tem justamente o aspecto de qualificar as pessoas para o empreendedorismo.

Metodologia

A proposta de trabalho da Visão Mundial com os Grupos de Oportunidades Locais para o Desenvolvimento (Gol.d), prevê a organização das pessoas em pequenos grupos de 10 a 20 pessoas. Os grupos são estimulados a desenvolverem o hábito da poupança, focados na autogestão dos grupos e fomento do empreendedorismo. Não há repasses de recursos externos e tampouco pagamento de valores. O trabalho da organização visa apenas a orientação. Neste sentido, a Visão Mundial contrata um agente local para organizar os grupos. A parceria firmada com uma entidade local (no caso de Marliéria a entidade selecionada é a Associação Feminina Marlierense) visa apenas o repasse de recursos suficientes para a contratação do agente e pagamento dos encargos sociais e material para o trabalho de campo. Como o município possui o distrito de Cava Grande, distante da sede, a Visão Mundial avaliará a necessidade de um trabalho específico naquele local.
Uma vez organizado, é o grupo que decide o valor do fundo. A aplicação, explica Edson, é aberta à decisão do grupo. Pode ser que alguém precise de dinheiro para comprar desde um gás de cozinha até um equipamento qualquer. Os valores podem variar de R$ 50 a R$ 100 reais.

Mas há grupos que chegam a quantias maiores e atingem um grau de organização e hábito de poupar capazes de financiar a compra até de máquinas produtivas. “O grande propósito é promover o hábito da poupança, gerar uma educação financeira e mostrar que isso permite um maior crescimento do grupo. A falta da educação financeira é um problema na medida em que muitas pessoas pegam empréstimos para consumo ou mesmo para iniciar um negócio e, sem planejamento, acabam se endividando e com negócios fracassados”, detalha.

Satisfação

O prefeito Waldemar Nunes de Sousa (PT), afirma que é compensador ver a chegada do serviço da Visão Mundial a Marliéria. “Já tínhamos a grata satisfação de termos o projeto Capacidades, da CNM/Pnud. Agora recebemos a Visão Mundial, que traz novos conceitos para a solução de antigos problemas. Temos a convicção que preparamos Marliéria para um futuro bem melhor”, afirmou.

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